A Fifa oficializou nesta quarta-feira a Arábia Saudita como sede da Copa do Mundo de 2034. A escolha estava praticamente definida desde o ano passado, quando Austrália e Indonésia não formalizarem a proposta de realizar o evento de maneira conjunta. Depois do Mundial do Catar, em 2022, esta será a segunda edição no Oriente Médio, e a terceira na Ásia. Anteriormente, Coreia do Sul e Japão sediaram o principal torneio de seleções em 2002, quando o Brasil conquistou o penta.
Na mesma reunião, realizada nesta quarta, a Fifa também oficializou as sedes múltiplas da Copa de 2030. O evento será realizado por seis países, em três continentes diferentes, mas com predomínio dos jogos em Portugal, Espanha e Marrocos. Argentina, Paraguai e Uruguai vão receber um jogo cada, logo no início, em referência aos 100 anos da primeira edição da Copa, disputada em solo uruguaio em 1930.
No caso do Mundial de 2034, o país saudita conquistou sua maior vitória no mundo dos esportes. Sediar a Copa faz parte do Saudi Vision 2030, um megaprojeto da Arábia Saudita que combina entretenimento e turismo com o intuito de diversificar a economia do país, com vasta riqueza em combustíveis fósseis. A aclamação é considerada uma grande vitória do governo, que há pelo menos dois anos se dedica a investir o dinheiro do petróleo para se tornar uma potência esportiva.
A principal commodity do país árabe serve de combustível para projeto de fortalecimento do futebol local para melhorar a imagem da nação junto à comunidade internacional, prática conhecida como sportwashing.
A candidatura da Arábia Saudita foi alvo de críticas pelo fato de o país ter um histórico de denúncias de violações aos direitos humanos. Uma das preocupações é o aumento de casos de abuso no setor da construção civil.
Em 2022, o Fundo de Investimento Público (PIF) da Arábia Saudita, administrado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, adquiriu 80% das ações do inglês Newcastle, da Inglaterra, por 300 milhões de libras (cerca de R$ 2,2 bilhões) e, mais recentemente, comprou os quatro principais clubes do país: Al-Nassr, Al-Ittihad, Al-Hilal e Al-Ahly. Depois de seduzir astros do futebol mundial, como Cristiano Ronaldo, Neymar e Benzema, a cereja do bolo foi a oportunidade de realizar uma Copa do Mundo.
Assim como na Copa do Catar, existe a expectativa de o torneio ser realizado entre os meses de novembro e dezembro, período em que o forte calor da região arrefece. Segundo o documento oficial enviado à Fifa, a temperatura média em Riad no mês de julho, calendário tradicional do Mundial, é de 38 graus. Em dias de sol forte, os termômetros podem passar dos 45 graus. Em dezembro, a média dos marcadores cai para 17 graus. Cabe lembrar que os estádios no Catar contaram com esquema de climatização mesmo com a competição sendo realizada no fim do ano.
Ao todo, 15 estádios vão receber partidas da Copa. Oito serão construídos do zero, mesmo número de arenas que a capital Riad vai ter durante a competição. Jeddah terá quatro, enquanto Neom, Abha e Al-Khobar, um cada. A expectativa é de que todos os palcos do Mundial sejam entregues até 2032.
O projeto mais audacioso é o do estádio Internacional Rei Salman, também em Riad, com capacidade para 92 mil pessoas. O local será palco do jogo de abertura e da final, além de se tornar a casa oficial da seleção saudita após o Mundial.
Outro projeto que se destaca pela grandeza é a Arena Príncipe Mohammed bin Salman, projeto de arena futurista que visa “reinventar o conceito tradicional de estádio”. Localizado no topo de uma montanha de 200 metros em Qiddiya, a 35 quilômetros de Riad, o local terá capacidade para 47 mil pessoas, além de teto e gramado retráteis, permitindo a funcionalidade para diferentes eventos. Ele será coberto por painéis de LED, além de contar com um sistema de captação de água da chuva que resfria o ar-condicionado e funcionalidades multiuso.